O relação dialógica de mídias digitais com seus usuários depende em parte da estrutura conceitual e do enfoque editorial do conteúdo, e atua de volta como condicionante desses componentes.

Em sites como digg, flickr, newsvine, Overmundo, Facebook, Twitter, a conceituação editorial e comercial está condicionada à realização de tarefas pelos usuários das suas comunidades.

A partir da sua estrutura conceitual, incluem funcionalidades específicas, como a possibilidade do público regular os relacionamentos entre as pessoas e entre as pessoas e o canal, bem como a possibilidade do público criar normas próprias de publicação de conteúdo.

À época de sua criação, o site Overmundo, mídia social focada na produção cultural brasileira, recriou vários modelos existentes de plataformas de comunidades, estimulando a edição coletiva do conteúdo proposto pelos colaboradores. Nesse caso, a conceituação editorial e comercial considerava:

A relevância da proposta, que atendia à necessidade de muitos produtores culturais brasileiros que ficavam à margem dos grandes centros e dos canais de divulgação mais conhecidos.

A inclusão dos colaboradores como co-criadores do site. Os usuários se identificavam com o conteúdo publicado. A facilidade de inserção funcional e cadastro, que podia ser realizado fácil e rapidamente a partir de qualquer página, reforçava o sentido democrático do canal.

Facilidade de entendimento do uso. As explicações sobre o que era a plataforma, como funcionava e como participar eram facilmente localizáveis, na página de registro e eram redigidas de maneira clara e simples. As regras de funcionamento eram explicadas nos “Termos de uso” e uma página de “Alerta” advertia contra a publicação de conteúdo fora do foco proposto.

Clareza e objetividade nas explicações e rótulos de links. O conteúdo editado pela equipe do próprio site não se confundia com os posts e os textos propostos pelos usuários.

Layout simples e focado na funcionalidade da interface e no fluxo de informações produzidas pelos usuários, facilitando a realização das tarefas.

Moderação da publicação de conteúdo feita pelos próprios colaboradores, que controlavam a qualidade. A moderação permitia que o conteúdo atendesse não só aos interesses pessoais e coletivos dos autores como também do leitor comum.

Clareza sobre os direitos de uso do conteúdo publicado, sujeito a uma licença parcial de reutilização do Creative Commons, que permitia o uso e a criação de obras derivadas sem exploração comercial. Deste modo tanto os colaboradores quanto os recriadores sabiam os limites da sua ação sobre os textos e as imagens.

Co-responsabilidade de cada usuário pela funcionalidade e pelo aperfeiçoamento do programa, através do relato de erros ou da consulta ao fórum técnico, para tirar dúvidas e compartilhar observações e opiniões.

A receptividade do canal, especialmente quando o público tinha papel tão relevante para o sucesso da proposta, não podia ser controlada. Não se podia saber antecipadamente se o conteúdo publicado ia atender às necessidades pessoais e coletivas, a ponto de motivar a formação de comunidades vivas e atuantes.

O que se sabe é que o público é sensível a projetos que privilegiam o atendimento das suas necessidades. E que por isto o projeto editorial e comercial do canal colaborativo precisa, mais do que em qualquer outro ambiente online, estar centrado nas necessidades de expressão, interlocução e crescimento de seus usuários.

Outro aspecto a ser considerado no projeto desse tipo de canal é que sua evolução não pode ser antecipada com precisão, pois muitas diretrizes são conduzidas pela audiência.

O uso praticamente cotidiano pelos membros das comunidades exige o monitoramento das tendências, mudanças, demandas do público (interno e de outros sites com objetivos semelhantes), que não podem ser previstos a priori no plano de projeto e vão surgindo dos encontros e desencontros das trocas e interlocuções.

Assim, algum descontrole e respeito às soluções casuais está sempre presente no dia-a-dia da manutenção e do suporte de sites de criação coletiva, em que o público atua como forte propulsor de recriação dos conceitos editoriais e comerciais, a partir da interlocução e da sensibilidade em relação às novas demandas.

O modo de relacionamento do site com o cliente e do cliente com o site
O layout deste site não é mais este, mas o exemplo permanece válido. Deixa clara a intenção de criar identidade entre os filmes e programas de TV e a experiência online dos seus usuários, que podem ser tanto crianças como pais e professores interessados em buscar entretenimento para os pequenos. A interface tem uma aparência lúdica que gera forte empatia com seus usuários. (acesso em 2005).

Referências

When to use which user experience research methods (Alertbox, acesso em 21.11.2008)

 

Ferramentas de acompanhamento de empresas em mídias sociais

Free social media monitoring tools, de Rob Gonda (Take me your leader, acesso em 13.3.2010)

Free social media monitoring techniques, de Rob Gonda (Take me your leader, acesso em 13.3.2010)