É praticamente impossível prever com precisão quem são as pessoas que visitam ou usam um canal digital, suas características, motivações, preferências. Por isso, para alcançar os objetivos do veículo, é preciso priorizar os interesses de alguns segmentos.

Em setembro de 2011 o site da Amazon.com foi redesenhado para atender tanto os usuários de PCs e como os de tablets. A diferenciação ficou por conta de uma versão especialmente desenvolvida para usuários de telefones móveis. O que motivou a estratégia? Se tablets são dispositivos móveis, porque seus usuários foram considerados semelhantes aos de PCs?

Para conhecer o grau de prioridade de alguns públicos em relação a um canal, pode-se-fazer um exercício com os principais stakeholders do projeto – o que também também revela o valor de determinados aspectos estratégicos para a organização.

O exercício propõe aos stakeholders que usuários consideram prioritários para um produto através de uma cotação de valores para cada um. Os usuários mais importantes são cotados com valor mais alto, e os menos importantes com valor mais baixo.

O resultado tem a forma de uma planilha como a mostrada abaixo, que lista os principais usuários de um site de uma faculdade de história, de acordo com a percepção dos gestores envolvidos no projeto:

Na coluna da esquerda estão listados os usuários citados como os mais importantes pelos gestores.

Nas colunas do meio, o grau de relevância de cada grupo de usuários para cada gestor.

Na coluna da direita em negrito, temos a média aritmética das relevâncias de cada grupo de usuários. O grau de priorização vai de 1 a 5, crescendo em ordem de importância.

Esta é uma maneira simples de criar um ranking simplificado para a percepção dos usuários prioritários sob o ponto de vista das equipes internas, percepção que precisa ser complementada com a perspectiva inversa, do público para o canal, que pode se basear em pesquisas de opinião e testes de usabilidade, por exemplo.

O resultado matemático precisa ser submetido à aprovação da equipe, pois alguns grupos podem ser priorizados em detrimento de outros, independentemente da soma em função dos objetivos do projeto.

Na lista acima, é necessário estabelecer valores escalonados para: • O usuário-foco – o público principal do canal. Nota 5. • O usuário secundário – pessoas que também usam do site, mas suas necessidades deixarão de ser satisfeitas em detrimento do atendimento aos usuários principais. Nota entre 4 e 5. • O usuário menos importante – não visita o site frequentemente e não é considerado de alta prioridade. Nota entre 3 e 4. • Não considerado – não faz parte do público-alvo, acessa eventualmente o site. Nota entre 1 e 3.
Na lista acima, é necessário estabelecer valores escalonados para: • O usuário-foco – o público principal do canal. Nota 5.
• O usuário secundário – pessoas que também usam do site, mas suas necessidades deixarão de ser satisfeitas em detrimento do atendimento aos usuários principais. Nota entre 4 e 5.
• O usuário menos importante – não visita o site frequentemente e não é considerado de alta prioridade. Nota entre 3 e 4.
• Não considerado – não faz parte do público-alvo, acessa eventualmente o site. Nota entre 1 e 3.

Além disso, como eventualmente alguns gestores podem citar usuários que outros não consideram importante e vice-versa, pode ser preciso chegar a um consenso sobre os itens minoritários da lista antes da cotação.

É importante, no entanto, manter um posicionamento crítico em relação ao resultado destas pesquisas. A seleção e discriminação de grupos de usuários, bem como sua tipificação e criação de padrões muitas vezes gera mecanismos arbitrários que refletem os valores dos agentes envolvidos na sua especificação. Eventualmente pode ser necessário remanejar os resultados para atender a estratégias institucionais ou a visões sobre o alcance do veículo. (1)

(Atualizado em 26.1.2014)

Referências

Designing for the extremes (or why your average user doesn’t exist) (acesso em 17.9.2011)

1) Texto The database, de Sharon Daniel, em Database Aesthetics – Art in the Age of Information Overflow, organizado por Victoria Vesna. Mineapolis – London: University of Minnesota Press, 2007

Livro: Information architecture for the World Wide Web – designing large-scale websites, de Louis Rosenfeld e Peter Morville. O’Reilly, 2003