Segundo a ABNT, acessibilidade é a possibilidade e condição de alcance, para utilização com segurança e autonomia, de edificações, espaço, mobiliário e elementos (ABNT/CB 40/NBR 9050). No projeto de mídias digitais, consiste no preparo das interfaces para que pessoas portadoras de deficiências possam acessá-las, percebê-las, compreendê-las, deslocar-se em contextos digitais, usar serviços, comunicar-se com outras pessoas, realizar tarefas.

De 750 milhões a 1 bilhão dos seis bilhões de habitantes no mundo têm deficiências, segundo a OMS. No Brasil, segundo o censo de 2010, aproximadamente, 24,6 milhões de pessoas, ou 14,5% da população total, apresentaram algum tipo de dificuldade visual, auditiva, motor ou mental. (1) A atenção a este aspecto permite que as informações e serviços online se mantenham disponíveis para as pessoas que acessam a web e plataforma digitais de diferentes dispositivos, browsers e programas especiais

Em pesquisa sobre acessibilidade dos sites brasileiros de 2020, nos sites do governo, foram identificadas falhas 96,7%, contra 99,66% em 2019. Os que tiveram mais páginas aprovadas nos testes foram os educacionais (96.12%), corporativos (97,19%), de notícias (97,9%), de comércio eletrônico (98,7%) e blogs (98,76%). (Convergência Digital, 20.5.20)

Uma lista parcial de deficiências físicas de usuários consideradas no desenvolvimento de websites e mídias digitais inclui: cegueira ou visão debilitada, discromatopsias (dificuldade de distinção de gamas de cor, 8% dos homens e 0,5 das mulheres), dificuldades físicas e motoras, surdez, problemas de cognição/atenção, problemas neurológicos e de aprendizagem.

Para navegar pela internet

Pessoas cegas escutam a leitura de textos por meio de programas sintetizadores de voz, que descrevem textualmente elementos da interface gráfica da tela, gerando uma representação audível da descrição; e usam teclados em Braille para a entr ada de informações (sem mouse). Podem usar um visor que traduz a interface para Braille ao invés de fazer a leitura dos textos.

Não têm acesso pleno a recursos como animações e filmes baseados em imagens, recursos amplamente usados para que as telas fiquem atraentes, porque os programas de fluxo contínuo de imagens, áudio e vídeo exigem que o usuário os acione com o mouse, o que nem sempre fácil.

Segundo o Censo IBGE 2010, havia 6,5 milhões de pessoas com alguma deficiência visual: 528.624 pessoas incapazes de enxergar (cegos); 6.056.654 pessoas com baixa visão ou visão subnormal (grande e permanente dificuldade de enxergar); essas pessoas usam ou podem vir a usar programas especiais de computador, como os leitores de tela.

Pessoas com visão debilitada aumentam o tamanho dos textos, ou leem textos em letras amarelas sobre fundo preto, ou usam programas de aumento da imagem da tela ou leitores de tela (que leem em voz alta o conteúdo das páginas e proveem recursos especiais para navegação e realização de tarefas – como o preenchimento de formulários, dispensando o monitor).

Dependem muito do teclado para a entrada de informações, e, dependendo do quadro, conseguem usar mais ou menos o mouse.

Pessoas com deficiência motora, usam hardware especial, como mouse movido pelo movimento da cabeça, teclados especiais, comando de voz, tela sensível ao toque ou programas para reconhecimento de voz.

Portadores do Mal de Parkinson ou pessoas com tremores ou problemas de mobilidade das mãos costumam preferir usar o teclado ao invés do mouse, pois este exige movimentos precisos.

Pessoas com deficiência auditiva usam o teclado e o mouse, veem a interface mas não têm acesso a informações sonoras.

Pessoas com problemas neurológicos, de leitura e de aprendizado se beneficiam muito de linguagem simples, sem jargões, resumos explicativos e ilustrações ou gráficos que os ajudam a compreender os textos.

Pessoas em circunstâncias de acesso especiais, de acordo com o contexto. O acesso à web ou a aplicativos em movimento ou em contextos pouco favoráveis à concentração ou à realização de movimentos finos também exigem preparo especial das interfaces. Quando carregamos mídias digitais no telefone, ficamos condicionados à resolução da tela, à distância adequada ao toque dos botões.

Projetos de sites e plataformas comprometidos com o atendimento de públicos amplos e diversificados levam em consideração as condições de acesso destes usuários e adaptam as interfaces para pessoas portadoras de deficiências físicas, com:

Soluções abrangentes, que sigam padrões universais para incluir usuários com problemas motores, visuais, cognitivos.

Separação de forma e conteúdo, permitindo a visualização de páginas em qualquer programa navegador e dispositivo, facilitando a indexação textual dos textos e imagens.

Manutenção dos requisitos no dia-a dia de atualização do canal.

(Atualizado em 18.3.2015)

 

Referências

1) IBGE: deficiência grave atinge 17 milhões de brasileiros (IBGE, 17.11.2011, acesso em 17.11.2010)