Segundo Peter Morville e Louis Rosenfeld , arquitetura da informação é “a arte e a ciência de organizar a informação para ajudar as pessoas a satisfazer suas necessidades de informação de modo efetivo (…) o que implica organizar, navegar, marcar e buscar mecanismos nos sistemas de informação.” (1)
Para estes autores, a arquitetura da informação deve tornar clara a missão e visão de uma mídia digital, equilibrando as necessidades da organização que o patrocina com as necessidades da audiência. Deve também identificar o conteúdo e as as funcionalidades do site, especificando como os usuários vão encontrar informações por meio da sua organização, rotulagem e sistemas de buscas. E prever como o site vai mudar e evoluir ao longo do tempo.
Objetivos da arquitetura da informação
■ Prover as condições para o usuário chegar de um ponto a outro, levando em conta diferentes modos de chegar às informações a partir do ponto em que está.
■ Comunicar as relações entre os elementos, considerando desde o contexto geral de informações às suas unidades.
■ Comunicar as relações entre o geral e cada página/tela que o usuário está vendo. (Garret, 2003)
A arquitetura da informação evita problemas como
■ Navegação improdutiva – O usuário se desloca a esmo pelas páginas sem encontrar o que procura, ou tem dificuldade em decidir que link selecionar diante de uma série de opções, para traçar seu percurso. A dificuldade aumenta ainda mais quando não consegue localizar onde está na estrutura geral.
■ Dispersão em relação aos objetivos iniciais da navegação – O usuário percorre caminhos muito diferentes dos que pretendia, perde-se da rota, esquece o que procurava. Algumas pesquisas mostram que os usuários preferem os links no meio do texto aos conjuntos de links agrupados em uma área da página.
■ Excesso de informações para o deslocamento, o que gera esquecimento do percurso para chegar a uma tela.
Estudo de McDonald & Stevenson (1998) comparou três tipos de estruturas: hierárquica (distribuída em níveis), não-linear (inúmeros links conectados a outros na mesma camada, mesmo site) e mista (estrutura hierárquica + links de referência). A estrutura mista foi a preferida dos usuários, por balancear a rigidez da taxonomia com maior número de opções. Um mapa do site também auxilia a visualização dos percursos possíveis entre páginas.
■ Estrutura difícil de entender – Ocorre quando o usuário não consegue ter uma visão muito clara dos canais e dos percursos possíveis. Especialistas afirmam que a estrutura mais plana, com poucas camadas, facilita o uso por visitantes novatos.
As possibilidades de apresentação e organização do mesmo conteúdo são infinitas. Normalmente também são inúmeros os caminhos que conduzem um usuário a uma informação. A construção de categorias, por exemplo, é um modo de organizar as informações, na medida em que o posicionamento de cada informação na estrutura leva em conta sua lógica de relacionamentos.
Bases da concepção de percursos dos usuários em mídias digitais
■ A aderência das informações e do conteúdo aos objetivos do canal.
■ A aderência ao enfoque conceitual e editorial, com o planejamento da experiência do usuário e do modo como as informações estabelecem processos de comunicação/interlocução/re-ação.
■ A antecipação dos modelos mentais dos usuários, padrões de conduta em relação às informações, dispositivos, funcionalidades, circunstâncias de acesso (na rua, no escritório, em casa, em viagem).
■ Relação adequada entre a extensão e a profundidade das áreas de informação.
■ Modo como as informações fluem para o público, de modo a valorizar mais ou menos as informações comerciais.
Aspectos a prever na organização do conteúdo e dos dados online
■ Modo como as informações fluem do público externo para um canale seus canais.
■ Modo como as informações fluem dentro de um canal para o público interno (especialmente no caso de intranets).
■ Modo como as informações fluem independentemente do canal (na sociedade em geral ou em grupos, comunidades, culturas geográficas específicas).
A estrutura das informações é uma representação simbólica que em si constitui uma linguagem. Estabelece canais de comunicação com usuários individualizados, procurando antecipar os assuntos que procuram e criar pontos de acesso precisos para sua recuperação.
* Informações e conteúdo estão aqui aplicados de maneira equivalente, apesar de, a rigor, se referirem a objetos diferentes. “Arquitetura da informação” é a expressão mais usada embora seja conceitualmente correto aplicar a expressão “arquitetura de conteúdo”.
(Atualizado em 31.7.2010)
Referências
1) Livro: Information architecture for the World Wide web – designing large-scale websites, de Louis Rosenfeld e Peter Morville. O’Reilly, 2003
→ Livro: Ambient findability, de Peter Morville. O’Reilly, 2005
→ Livro: Ergodesign e arquitetura de informação, trabalhando com o usuário – como melhorar a usabilidade de seus projetos na internet, de Luiz Agner. Rio de Janeiro: Quartet, 2006