Os objetivos de um projeto estão relacionados ao valor estratégico de um novo produto, seja em relação a quem o concebe, em relação aos clientes finais que o utilizam, ou ao mercado amplo em que está inserido.
O entendimento e a explicitação dos objetivos de um projeto de mídia digital, que incluem as descrições das necessidades dos clientes e dos stakeholders que o realizam, são às vezes subestimados, pois alguns gestores acham que se não soubessem os objetivos não estariam realizando o projeto. Mas essa formulação é importante, porque leva a estabelecer consenso sobre o produto.
Quando uma agência ou equipe de projeto de mídias digitais é contratada para fazer o projeto de um site institucional, ou um aplicativo, por exemplo, é comum que faça um levantamento preliminar dos objetivos e defina um escopo preliminar. Esse levantamento procura responder a questões como: por que o projeto é necessário, que necessidades atende?
O detalhamento dos objetivos, com uma descrição mais precisa do escopo, combina diversos processos de negócios, como:
■ Vender produtos e serviços.
■ Publicar conteúdo para públicos segmentados.
■ Disponibilizar um jogo.
■ Compartilhar e divulgar conhecimento.
■ Compartilhar arquivos de imagens, vídeos, sons.
■ Criar canais de comunicação e interlocução direta com o público.
■ Criar comunidades de pessoas em torno de idéias, pessoas, interesses.
■ Ministrar treinamentos online.
■ Estabelecer redes entre clientes, colaboradores, fornecedores e parceiros.
■ Representar uma organização e sua missão para clientes na internet.
■ Reforçar uma marca.
Os objetivos gerais, que incluem tanto o produto quanto o projeto, atravessam os processos operacionais diários – levando em conta o contexto comercial e institucional em que são realizados -, funcionando como referências para a tomada de decisões. O consenso sobre os objetivos do produto e do projeto ajuda:
■ O relacionamento do canal com outros canais de comunicação e interlocução da mesma organização com o público, para que integre uma política estratégica de imagem (ou de vendas, marketing, publicação) integrada.


■ A conceituação editorial e o tratamento do conteúdo para o público, um dos componentes da experiência do usuário, que cria empatia e atende às suas necessidades (de informação, funcionalidades, serviços, interlocução) e gera valor.
A conceituação editorial pode, por exemplo, levar à criação de um vocabulário controlado, para uso nos canais online, bem como a conduzir as linhas gerais para sua criação.
■ O posicionamento estratégico do projeto na empresa, com a verificação das forças, fraquezas, oportunidades e ameaças (SWOT) do produto final.
■ A avaliação das linhas gerais de valor e qualidade dos resultados, para a organização e para os clientes, a partir da realização de pesquisas, da programação dos testes da interface, de sua frequência, dos investimentos necessários.
■ O planejamento do retorno sobre o investimento financeiro a partir do produto.

■ O estabelecimento das linhas gerais para o controle dos riscos do projeto.
À medida que são atualizados, os objetivos delineiam diferentes pontos de vista para avaliação dos resultados. E também norteiam as diretrizes gerais para a realização de subprojetos (outros produtos, processos, funcionalidades) que podem derivar do projeto principal.
A articulação dos objetivos de mídias sociais é resultado da iteração das diferentes percepções do projeto pelos stakeholders, soma da colaboração interdisciplinar e encadeada (muitas vezes interdepartamental e mesmo interempresarial) de competências mobilizadas para criar ou redesenhar o produto. Cada parte envolvida contribui para o encadeamento de ideias, fontes, informações, que levam à obtenção dos resultados.
Alguns objetivos são mais importantes que outros e muitas vezes os interesses organizacionais (às vezes, até pessoais) sobrepujam os interesses dos usuários finais. Cabe aos gestores do projeto equilibrar as tensões entre os objetivos estratégicos e os interesses dos clientes finais, pois de modo geral os diferentes aspectos do projeto não são excludentes.
Os objetivos estratégicos, gerais, são mais estáveis que objetivos mais descritivos do produto. Caso a equipe adote métodos ágeis como Scrum, XP e Lean, os objetivos específicos, mais descritivos do produto em si, podem ser rearticulados a cada ciclo do projeto, gerando soluções de design e funcionalidades compatíveis com a evolução incremental do produto. Embora nesses casos as mudanças sejam mais facilmente incorporadas, em todos os métodos de gestão de projetos os objetivos, gerais ou específicos, podem mudar, assim como a percepção do produto pela equipe durante a realização do projeto. (ver Mudança de escopo)
► Se o cliente começa com a demanda de um aplicativo para dispositivo móvel e passa para a criação de um móvel de cozinha, os objetivos geral e específicos mudam. Caso ache melhor passar do dispositivo móvel para um dispositivo de realidade virtual, o objetivo geral permanece, mas os objetivos específicos têm mais chance de mudar.
A articulação imprecisa dos objetivos gerais e dos requisitos, mais específicos do produto em projeto, pode levar a resultados equivocados. Selecionar os fragmentos de informações nas conversas, filtrar os argumentos relevantes e chegar a um consenso muitas vezes exige paciência e diplomacia. Um projeto pode atender aos seus objetivos e, no entanto, não ser bem sucedido, porque estes não foram corretamente articulados.
É necessário manter em perspectiva que o projeto realiza seus objetivos quando satisfaz as necessidades do cliente final, mesmo que na maioria das vezes este não articule precisamente o que espera do resultado, ou suas sinalizações não verbais não sejam bem percebidas inicialmente. Mas em condições ideais, um projeto é bem sucedido quando os objetivos de negócios e os objetivos dos usuários convergem em associações criativas que geram produtos legitimados pelo seu uso ou aceitação.
(Atualizado em 24.4.2020)