A conceituação editorial e comercial, mais do que o enfoque de criação e edição do conteúdo de produtos digitais, é um princípio condutor da experiência do usuário. Segundo suas linhas gerais, as interfaces se mantêm (ou deveriam se manter) consistentes na comunicação/ interlocução/ ação/ reação realizados entre o canal e o público.

Um mesmo site para fãs de cinema (como http://www.screenjunkies.com/, por exemplo) pode se concentrar…

…na publicação de conteúdo sobre os filmes, como críticas, sinopses, fichas técnicas, informações sobre as produções cinematográficas.

… no relacionamento dos artistas com o público e estabelecer encontros informais, como chats.

… em um banco de dados sobre filmes e artistas, que seja referência em informações especializadas.

…na experiência do espectador e procurar aperfeiçoar o olhar para os filmes.

… na formação de comunidades e reunir as pessoas para discutir filmes.

… em várias destas abordagens combinadas.

A conceituação editorial e comercial implica em seleções que levam ao modo de interlocução com o público, e condiciona:

O tratamento visual e editorial geral e das seções.

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Diferentes interfaces para diferentes públicos
O site da Smithsonian Education (cujo layout atual é outro) apresentava, na época da captura das tela, três grandes áreas para públicos bem distintos: educadores, familiares e estudantes. Cada uma tem conteúdo próprio e enfoque editorial completamente diferente das outras. Às vezes um mesmo evento está presente em mais de uma área, mas pelas imagens associadas a cada área, pode-se ver que fazem abordagens bastante distintas.

O valor do conteúdo oferecido e seu relacionamento com o público.

The Wall Street Journal foi um dos primeiros jornais a cobrar pela assinatura do jornal online, em 1996. Foi e é bem-sucedido pelo diferencial do conteúdo e pela segmentação do público-alvo. Tinha, em fevereiro de 2019, cerca de 1,5 milhões de assinantes.

Em função das perspectivas de sites como o do NYTimes, que abriram seu conteúdo para o grande público, implementou um modelo baseado em anúncios, ou “paywall”, em que o usuário era cobrado depois de determinado número de acessos. O valor do conteúdo produzido varia de acordo com o acesso a diferentes produtos publicados, o jornal em 2019 tinha 3,3 milhões de assinantes digitais

O tipo de conteúdo veiculado.

O uso de recursos como conteúdo em diversos formatos, janelas de diálogo.

Sites de grandes museus proveem um conjunto de experiências que se organizam de maneira diferente para cada usuário, para aproximá-los dos objetos expostos, por meio de imagens e informações, permitindo a visão em perspectiva tridimensional ou a escuta de gravações sonoras, por exemplo.

O conjunto de experiências exige a veiculação de informações em diversos formatos, de maneira a compor caminhos e ideias diferentes para cada visitante. O uso e o formato das informações se adéqua ao conceito de museu como experiência da informação.

O desenvolvimento de bancos de dados, páginas personalizadas, formulários, chats ou grupos de discussão.

A Federal Express no final da década de 90 mudou o enfoque de seu site, que apenas fornecia aos clientes informações sobre suas atividades, para um novo conceito: prover serviços. Passou a oferecer o acompanhamento em tempo real do percurso de cada entrega, que os clientes acessam no site digitando o número do protocolo da sua nota. O conceito exigiu o desenvolvimento de tecnologias para o rastreamento dos percursos e a inclusão de canais de comunicação mais rápidos. Hoje a maior parte dos sites com entregas dispõem do recurso.

A funcionalidade (facilidade de uso) e a acessibilidade das páginas.

O site do Instituto Benjamin Constant é referência para o acesso de usuários pela internet com deficiências de visão, oferecendo ferramentas para o acesso de pessoas cegas e com visão subnormal. O conceito nesse caso está relacionado ao de canal comprometido com a inclusão de usuários, o que define como a interface é desenvolvida e usada.

A relação entre o nome do domínio e seu conteúdo.

Para facilitar sua localização e sua associação direta a uma marca, o nome do domínio precisa estar integrado ao objetivo do site. Embora tenha a funcionalidade de um endereço, atua também como marca e determina a maior ou menor facilidade de localização dos canais pelas ferramentas de busca. Palavras muito procuradas pelos usuários geralmente são favorecidas pelas ferramentas de busca (como “filmes da semana”, por exemplo).

A grafia das palavras simples e direta também facilita a digitação e a memorização pelo público. Observações:

Por razões técnicas, os nomes dos domínios devem ter pelo menos 2 caracteres e no máximo 63 caracteres (fora o domínio de alto nível -.com, .net e.br, .uk etc.)

Podem incluir qualquer combinação de letras e hífens (estes no entanto não podem ser os primeiros ou últimos caracteres e devem ser evitados porque são facilmente esquecidos na digitalização)

O reconhecimento do nome independe de estar escrito em caixa alta ou alta e baixa

Referências

Gamification in concept design: applying market mechanisms to enhance innovation and predict concept performance, Petersen, Søren Ingomar1; Ryu, Hokyoung Blake (Journal of Design, Business & Society, acesso em 8.3.2015)

Using behavioral science to improve the customer experience, John DeVine e Keith Gilson (McKinsey Quarterly, acesso em 10.7.2010, mediante assinatura)

Morph the web to build empathy, trust and sales, Glen L. Urban, John R. Hauser, Guilherme Liberali, Michael Braun e Fareena Sultan (MIT Sloan Management Review, acesso em 10.7.2009, mediante assinatura)