Taxonomias, listas de itens semanticamente afins e organizados hierarquicamente, podem ser usadas para estruturar o conteúdo de mídias digitais a partir de agrupamentos baseados em similaridades e diferenças, de modo que o conteúdo mais genérico estabeleça redes de subordinações com o conteúdo mais específico e especializado. Taxonomias podem também ajudar a participação dos usuários em mídias sociais, na medida em que alinham o conteúdo a temas e palavras-chave de ampla aceitação.

Tradicionalmente, o termo “taxonomia” e suas aplicações estão associados à Ciência da Informação. Bibliotecários e arquivistas usam metodologias e técnicas baseadas em taxonomias para localizar e recuperar informações em bibliotecas e arquivos de documentos.

Na web, seu uso passou a ficar relacionado a sistemas que estabelecem relações hierárquicas ou classificatórias entre informações, especialmente aqueles agrupados em torno de um vocabulário consolidado – os termos de uma taxonomia se organizam ou se conectam para que os de uso mais restrito se subordinem aos de uso mais amplo.

Estas relações de subordinação facilita o acesso às informações, bem como sua atualização, o controle de quem acessa que informações e o controle do tempo da sua publicação.

Na criação e estruturação de mídias e plataformas digitais, a aplicação de taxonomias pode servir de base para a construção de listas facetadas de itens em sites de comércio, por exemplo, e mesmo sistemas de navegação, e tem vantagens sobre outros modos de organização, como:

Facilidade de recuperar informações. O usuário as localiza a partir da ordem de abrangência, das ideias principais, dos resumos, dos sumários nas camadas mais superficiais: é levado a localizar o conteúdo mais detalhado em camadas mais profundas.

Melhor experiência de navegação e maior confiança no conteúdo, especialmente em grandes sites, como portais de notícias, intranets, sites do governo, de universidades ou de comércio, onde o usuário pode se beneficiar muito de taxonomias planejadas tanto para navegar quanto para buscas.

Estímulo à participação inteligente do usuário, pois a estrutura semântica, explícita nos menus de navegação, submenus e no mapa do site, facilita a criação de associações e relacionamentos, ajudando a localizar conteúdo relacionado.

A estrutura do site POLITICO, explicita no seu submenu acima, está dividida em subcategorias facilmente identificáveis pela divisão espaçada das colunas, pela distinção clara entre as tipologias dos títulos e dos textos, bem como pela entrelinha aberta entre os itens, que facilita a varredura rápida com os olhos (acesso em 27.4.20)

Estímulo à colaboração e à participação dos usuários, pois ajuda o alinhamento rápido em torno de termos e palavras-chave de ampla aceitação.

Apesar das vantagens, é importante manter um posicionamento crítico em relação às classificações. A seleção e discriminação de elementos, bem como a classificação e criação de padrões pode se ater a mecanismos arbitrários que reflitam os valores dos seus criadores e não do público amplo. (1)

O site da Tok Stok, como a maioria dos sites de comércio, organiza seu conteúdo em categorias facilmente dedutíveis para os usuários. Há itens em mais de uma categoria, um gaveteiro de madeira pode estar tanto na seção “Casa” quanto de “Home Office.

A criação de taxonomias inclui processos como

1) Formação de equipe multidisciplinar, que pode incluir bibliotecários, arquitetos de informação, editores, gestores ligados à estruturação da estratégia de informações corporativas e de inteligência competitiva – equipes multidisciplinares são necessárias para diferentes abordagens de informações.

2) Definição do escopo do projeto sobre

Quem é o usuário-prioritário.

Como as informações serão utilizadas.

Necessidades que as taxonomias atendem (do usuário e da organização).

Fontes de alimentação das estruturas.

Necessidade de se criar ou não vocabulário controlado.

Tipo e formatos dos conteúdos veiculados.

Métricas para avaliação.

3) Criação da taxonomia, considerando a análise do contexto, a criação do ambiente de informação (ontologia), a definição da estrutura, o modo de visualização e os critérios de categorização.

4) Implementação, com a aplicação da classificação na navegação, no design, na busca, no gerenciamento de conteúdo, bem como na visualização por mapas e diagramas.

Durante o processamento de uma busca, a estrutura baseada em níveis organizados hierarquicamente pode ser exibida ao modo da organização em diretórios hierarquizados, como o do Craiglist. Os usuários examinam as categorias e realizam buscas mais específicas no âmbito de cada uma. O calendário e informações administrativas à esquerda mantêm a distinção em relação ao conteúdo principal, ao centro.

5) Testes, para verificar se o usuário acha o que procura (em quantas etapas), adequação dos rótulos, afinidade das categorias com as necessidades dos usuários.

6) Manutenção, com a atualização e a incorporação de novos conceitos e práticas, como marcação de todo conteúdo publicado (tagging) e o aperfeiçoamento da taxonomia a partir do retorno do público em canais participativos (incorporação de novos termos).

A criação de termos, sinônimos, palavras novas, gírias, metadados e subordinações a partir da participação do público (folksonomia), quando gerenciada por meio de princípios de governança, ajuda a expandir a taxonomia, tornando-a gradualmente mais relevante, pois mais representativa da linguagem do público.

A implementação de taxonomias informacionais no âmbito corporativo normalmente acompanha uma mudança cultural, sua importância e suas práticas se incorporam à criação e ao arquivamento de documentos em acervos coletivos. As mudanças incluem a sistematização dos título de cada documento, das informações que contêm e em que categorias de informações se inserem.

Por meio da categorização, os mecanismos de busca dos portais corporativos (e da internet aberta, se tiverem acesso) podem chegar às informações procuradas e disponibilizá-los aos usuários finais.

(Atualizado em 27.4.2020)

 

Referências

1) Texto The database, de Sharon Daniel, in Database Aesthetics – Art in the Age of Information Overflow, organizado por Victoria Vesna. Mineapolis, London: University of Minnesota Press, 2007