Em testes de usabilidade, usuários representativos do público-alvo de um site ou aplicativo proveem importantes informações para a legitimação do veículo pelo público a que se destina. Por isto, devem ser selecionados com critérios claros.
A validade dos testes de usabilidade depende muito dos perfis dos usuários participantes. A seleção desses usuários envolve a descrição clara destes perfis e sua identificação precisa nos candidatos durante a seleção.
A descrição dos perfis muitas vezes não é desenvolvida no momento em que os testes começam a ser realizados, mas na conceituação do projeto, em que a equipe realiza pesquisas mais ou menos amplas para conhecer o público do produto. (1)
O perfil dos usuários
Os testes consideram os perfis dos usuários desenvolvidos na conceituação. Incluem informações demográficas e culturais – gênero, idade, faixa salarial, formação acadêmica e profissional (grau de estudo, assunto), experiência e frequência de uso da internet e do produto em questão –, resultados de pesquisas especializadas, cenários.
Consideram também fatores culturais e subjetivos, o grau de experiência de uso da internet ou de funcionalidades específicas – compra de produtos ou habilidade de jogar online, por exemplo –, que influenciam a seleção de participantes.
Pode-se usar uma tabela como a que segue para contemplar tipologias básicas de usuários e suas configurações tecnológicas:
Característica | Gradação | Percentual |
Gênero | Masculino | |
Feminino | ||
Outro | ||
Idade | 8 a 12 | |
12 a 15 | ||
15 a 22 | ||
22 a 30 | ||
30 ou mais | ||
Educação | Básico | |
Médio | ||
Universitário | ||
Experiência com internet | Menos de 1 ano | |
1 a 2 anos | ||
2 anos ou mais | ||
Sistema operacional | Mac | |
Windows | ||
Linux | ||
Browser | IExplorer | |
Firefox | ||
Chrome | ||
Resolução de tela | 800 x 600 | |
1024 x 768 | ||
1280 x 1024 | ||
Outro | ||
Interesse pelo assunto do site | Pouco | |
Eventual | ||
Muito |
Informações como estas ajudam a definir os usuários, permitindo a extração de perfis típicos para a realização dos testes.
Os perfis devem ser documentados (com explicações sobre os critérios mais específicos ou subjetivos, como “grau de interesse pelo assunto”) e homologados pela equipe de projeto, para que reflitam sua percepção do público-alvo.
Essa documentação é utilizada direta ou indiretamente (por agentes externos) para a seleção dos participantes dos testes.
O número de usuários testados
O número de perfis e usuários testados pode variar de apenas 5, como sugere Jakob Nielsen (2), que afirma que a partir do quinto participante as respostas começam a se repetir, a estudos exaustivos e quantitativos de todos os perfis considerados importantes.
O número de participantes também depende de fatores como os recursos disponíveis para a convocação e remuneração de participantes, da facilidade de se encontrar pessoas com os perfis delineados, bem como do grau de profundidade das informações a obter.
Se forem realizados diversos testes ao longo do projeto, pode-se confiar em testes com menos usuários, pois a soma dos vários resultados considera uma massa crítica mais abrangente.
Seleção dos participantes dos testes
■ Incluir as tipologias de usuários mais importantes, representantes mais e menos favorecidos em algumas categorias como “experiência de uso”, “formação acadêmica”, ou “resolução de tela”, por exemplo.
■ Testar o modelo de teste com usuários internos da organização, representativos do público-alvo.
■ Selecionar os participantes dos testes por meio de agências especializadas em pesquisa de marketing ou de público, em comunidades online especializadas, em pesquisas de público realizadas pela organização – através de mala direta ou de contatos do departamento de vendas ou de gestão de competências –, através de anúncios em veículos especializados, em ambientes acadêmicos (escolas ou universidades).
■ Adaptar o tipo de remuneração ou agradecimento ao perfil do participante. É uma prática educada (às vezes, mandatória) compensar os usuários depois de cada teste, mesmo que voluntários.
Quando os usuários são recrutados por agências ou veículos impessoais, a compensação deve ser financeira e combinada antes do teste. Quando as pessoas são conhecidas, dependendo do grau de relacionamento com a equipe ou com a empresa, pode-se oferecer desde um presente a uma vantagem no relacionamento com a empresa (descontos, facilidades de crédito, etc.).
Despesas de alimentação e de deslocamento, quando necessárias, também devem ser cobertas pela empresa que promove o teste.
É importante manter em perspectiva que os dados sobre os usuários podem ser usados em diversos outros processos (avaliação dos relatórios de acesso, configuração de sistemas de CRM, por exemplo) e ajudam a manter o foco geral do projeto no usuário final do site ou aplicativo.
(Publicado em 12.10.2008. Atualizado em 8.4.2015)
Referências
→ Why you only need to test with five users (explained) (Measuring Usability, acesso em 8.4.2013)
→ Livro: Handbook of usability testing – How to plan, design and conduct effective tests, de Jeffrey Rubin. New York: Wiley, 1994.
→ The “magic number 5”: Is it enough for web testing? (Alertbox, acesso em 1.10.2012)
2) Why you only need to test with 5 users (AlertBox, acesso em 12.10.2008)
→ Como fazer testes de usabilidade (Usabilidoido, acesso em 29.12.2008)
→ Testing expert users (Alertbox, acesso em 25.1.2010)
→ Fast, cheap, and good: Yes, you can have it all, de Jakob Nielsen, sobre a relação entre preço, qualidade e tempo de realização de testes de usuários (AlertBox, acesso em 2.1.2007)
Programa online para recrutamento de usuários para testes
→ Ethnio – permite a criação de telas de recrutamento adaptáveis a cada site. As telas perguntam ao visitante, entre outras coisas, se se disponibilizaria a participar de um teste. Tem um painel de controle que permite ver o status do processo, bem como informações de contato dos interessados.