Testes de usabilidade de produtos digitais são realizados em lugares e situações controladas, ou não. Em caso de situações controladas, algumas práticas, aqui descritas em linhas gerais, ajudam a aplicá-los e levá-los a bom termo:
■ Preparar a estrutura do ambiente de teste, com a instalação de computadores, câmeras, gravadores, celulares, do local onde ficarão os observadores.
O ambiente deve receber de maneira cordial e aberta cada participante, para que que fique à vontade para emitir opiniões, cometer erros, fazer avaliações. É educado preparar um pequeno lanche, ou ao menos café e água, para facilitar a primeira conversa entre avaliador e participante.
■ Cumprimentar o participante. O primeiro contato é informal e relaxado, para facilitar a troca de ideias e estabelecer um relacionamento produtivo entre as partes. Assim, o facilitador explica como é a atividade, a narrativa dos cenários em que atuarão.
■ Providenciar o preenchimento e a assinatura dos documentos e questionários, se necessários, como questionário com informações pessoais, permissão para gravação e termos de confidencialidade sobre o produto.
■ Ler o passo-a-passo do teste, o mesmo texto para todos os participantes, sem variações ou interpretações. Nesse momento, é importante pedir que as ações e decisões sejam relatadas em voz alta. E repetir (sempre) que os erros que ocorrerem são de responsabilidade do produto e não do participante.
■ Entrar na área de teste e apresentar o ambiente, bem como as pessoas presentes, ao participante. Durante a apresentação, o tom deve ser relaxado, mas profissional, focado nos objetivos a alcançar.
■ Entregar os cenários (impressos ou não) das tarefas a realizar para o participante, se aplicável. Se forem muito longos, podem ser apresentados um a um, para facilitar a realização. Nesse caso, na medida em que cada tarefa for executada, é apresentada uma nova.
■ Acionar os equipamentos de gravação e coletar dados para o resultado, com documentos, programas e instrumentos para esta função. É importante, durante a realização das tarefas, ficar atento para reconhecer e registrar comportamentos, comentários, histórias, expectativas. Essas observações serão usadas para a compreensão aprofundada da conduta dos usuários. Também é importante manter uma neutralidade positiva sobre as resposta, sem encorajar ou censurar a informação o fornecida.
■ Caso necessário, pedir ao participante que preencha um documento depois da realização do teste, como uma avaliação sobre o teste em si, por exemplo.
■ Conversar com o participante sobre suas impressões, sobre o teste, seus objetivos, o que será feito com os dados coletados, o produto final (debriefing), para que este possa consolidar os dados fornecidos, valorizar sua experiência, ou até complementar os dados coletados durante as tarefas.
■ Agradecer o participante e prover pagamento, se combinado previamente, ou oferecer um pequeno presente de agradecimento pela participação.
■ Depois da saída do participante, completar os formulários e documentos que possam ter ficado por preencher, e colocar esse material em local de fácil acesso. Algumas observações pessoais podem ser anotadas ou ditadas em um gravador.
■ Descansar um pouco entre cada sessão, para diminuir a influência entre as informações fornecidas em cada uma.
Esses procedimentos são resumidaos e exigem preparo não só ligado aos aspectos técnicos como às competências específicas em relacionamento pessoal, para que sejam aplicados na prática de projeto.
(Publicado em 26.10.2008. Atualizado em 31.7.2016)
Referências
→ Usability testing demystified, Dana Chisnell (A List Apart, acesso em 31.7.2016)
→ Livro: Storytelling for user experience – crafting stories for better design, Whitney Quesenbery e Kevin Brooks. New York: Rosenfeld Media, 2010
→ Livro: Handbook of usability testing – How to plan, design and conduct effective tests, Jeffrey Rubin. New York: Wiley, 1994.
2) Why you only need to test with 5 users (AlertBox, acesso em 12.10.2008)
→ Quick turnaround usability testing (Boxes and Arrows, acesso em 20.9.2008)
→ Research logistics, Demetrius Madrigal (Boxes and Arrows, acesso em 8.1.2010)
→ Fast, cheap, and good: Yes, you can have it all, Jakob Nielsen, sobre a relação entre preço, qualidade e tempo de realização de testes de usuários (AlertBox, acesso em 2.1.2007)
Programas de gravação das ações do usuário
→ Morae Usability Testing, da TechSmith
→ UserVue Remote User Research, da TechSmith
→ Captivate, da Adobe
→ ViewletBuilder6, da Qarbon
→ Fraps, da beepa
→ Ovo Solo